terça-feira, 1 de março de 2011

É o baticum



Naná Vasconcelos comanda os ensaios com nações de maracatu para a festa de abertura,  hoje dia 01 de março as 19:00hs  na Rua da Moeda.






Este ano Naná conta com um instrumento de percussão feito sob medida para ele.

Há dez anos, a rotina de Naná Vasconcelos é a mesma. Quando o carnaval se aproxima, o percussionista sobe o morro para um particular com os mestres das nações. O intuito? Convencê-los a deixar o comando do maracatu, sob a sua condução, até a abertura das folias de Momo. Receber um sim, não é o mais difícil. ´Conseguir juntar várias nações é o mais complicado. Afinal, existe uma competição entre elas. É mais ou menos como unir Mangueira e Beija-Flor em um desfile. Difícil, mas eu consegui`, orgulha-se.
conseguiu mais. O ato de ir até as comunidades, reunir maracatus e promover uma batucada foi mais representativo do que parece à primeira vista. Isso porque atraiu aos locais uma classe média, que dificilmente sai do seu conforto. ´Você não faz ideia da importância disso. O maracatu estava prestes a desaparecer, sem registro. De lá para cá, o movimento é outro. É de ressurreição`, contou. E é verdade. Desde então, a manifestação virou ´o centro das atenções` na abertura da festa.
Uma década depois, relembrar como tudo começou parece fácil para a memória do menino de 66 anos. Após um tempo morando no exterior, Naná assumiu a direção artística do Festival Panorama Percussivo Mundial (Percpam), em Salvador. Lá, recebia cantores como Milton Nascimento, Caetano Veloso e outros. O projeto deu tão certo que, segundo ele, causou ciúmes nas autoridades de Pernambuco. ´Me diziam: 'vejam só, roubaram nosso Naná'`, lembra, entre risos. O saldo desse barrismo foi o convite da Prefeitura do Recife para que ele assumisse a abertura oficial do carnaval da cidade, como forma de trazê-lo de volta à sua terra.




Em sua estreia, em 2001, Naná conduziu nove nações. Depois, 13. Ano passado, foram 17. ´O negócio tomou uma proporção tão grande que ficou difícil fazer o espetáculo da melhor maneira. Por isso, este ano, resolvemos deixar as coisas mais compactas. Agora, são dez`, esclareceu. E se você pensa que as novidades se resumem ao número das nações, enganou-se. A cada carnaval, o percussionista inova. Já uniu o erudito ao popular, ao convidar a Orquesta Sinfônica, e já dividiu o palco com Elza Soares, Maria Bethânia, Lia de Itamaracá, Claudionor Germano, Edilza, Caetano Veloso e Marisa Monte, artistas que, segundo ele, ´tremiam` ao ver as nações reunidas. ´Eu pegava uma música do repertório do convidado e colocava em ritmo de maracatu. Até hoje, garanto que nenhum deles esqueceu a experiência`, afirma. Para o carnaval de 2011, a surpresa não é uma participação especial. É o Batcum, instrumento de percussão, feito sob medida para Naná. Nas palavras humoradas dele, ´um objeto com um som eletrônico afro espacial, graças à Carlinhos Borges`.



O tal batcum foi apresentado ao público no ensaio da última sexta-feira, na Rua da Moeda. De início, causou certa estranheza entre as nações Gato Preto, Encanto da Alegria e Encanto do Pina, presentes. Mas, com as instruções do mestre, ao final, a sintonia perfeita do maracatu parecia ter sido alcançada. Hoje e amanhã, às 19h, nos ensaios gerais, já no Marco Zero, é a vez das demais nações se ajustarem ao instrumento

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